Existem mais de 120 estilos de cerveja, distribuídas em inúmeras marcas, porém para facilitar o trabalho a grande maioria dos cervejeiros dividem esses estilos em três grandes famílias de cervejas: as ALES, as LAGERS e as LAMBICS.
Pela grande variedade de cervejas existentes, vamos citar somente alguns estilos e com o passar do tempo, conforme formos falando de cada cerveja abordaremos mais sobre os outros estilos.
ALES
Essa família engloba as cervejas de alta fermentação, ou seja, aquelas que fermentam em temperaturas mais altas (15 a 25º C) e possuem a característica de serem cervejas de aroma e sabor frutados, são cervejas mais complexas, mais maltadas e lupuladas, são geralmente mais encorpadas.
Principais Estilos de Ales:
– English Pale Ale: cerveja típica da Inglaterra, tem a expressão Pale (pálida) para indicar a cor mais clara desta bebida, são cervejas que produzem menos colarinho por ter baixa carbonatação (pouco gás carbônico), tendem a ser mais amargas (chamadas de Bitter). Ex.: Fuller’s London Pride (é uma Premium Bitter); Coopers Original Pale Ale; Fuller’s ESB (Strong Bitter).
– American Ale: é a nova geração das Ales, coloração partindo do levemente dourado até o marron, com forte aroma floral, notas de caramelo, paladar mais cítrico e, as vezes, condimentado. Geralmente bastante carbonatada, com espuma persistente. Podem se dividir em American Pale Ale, America Ambar Ale (mas encorpada e caramelada) e American Brown Ale (chegando a aromas de nozes, chocolate e com amargor mais balanceado). Ex.: Brasileiras: Baden Baden Golden; DaDo Bier Red Ale; Schimitt Ale; Devassa Ruiva e Negra; Schornstein Pommern-Bier; Importadas: Brooklyn Brown Ale; Sierra Nevada Pale Ale.
– Porter: o nome é derivado dos trabalhadores portuários que misturavam a cerveja ale com outras para conseguir uma cerveja mais escura, de sabor mais forte e alto teor alcoólico. É elaborada com malte bastante torrado. Cerveja de cor escura. Aromas lembrando nozes, chocolate, café. Com espuma castanha. Ex.: Brasileira: Colorado Demoiselle (simplesmente fantástica); Opa Bier Porter. Importadas: Fuller’s London Porter, Anchor Porter.
– Stout: é um estilo mais forte do que a Porter, porém com certas semelhanças. São mais encorpadas. Cervejas escuras (negras), maior teor alcoólico, com espuma castanha e cremosa. Pouca carbonatação. Ex.: Brasileira: Baden Baden Stout; Klein Bier Stout; La Brunette; Mãe Preta; Importada: Guinness.
– Indian Pale Ale (IPA): Fabricada para o exército britânico na Índia, bastante lupulada para aguentar a longa viagem. Sabor frutado, médio teor alcoólico (5%). Geralmente mais amarga, podendo ter características aromáticas perfumadas, cítricas e florais. Ex.: Brasileiras: Colorado Indica, Falke Estrada Real. Importadas: Dogfish Head 90-minutes; Stone IPA.
– Weiss ou Weizen: São as cervejas de trigo de estilo alemão. São feitas com no mínimo 50% de grãos de trigo maltado e não usam nenhum outro adjunto (temperos). Geralmente não são filtradas, daí a aparência turva. Tem leve sabor frutado, deixando na boca (retrogosto) um gosto de banana e cravo. Possui bastante espuma branca e é bem efervecente. Ex.: Brasileiras: Colorado Appia; Bierbaum Weiss Helles; OPA Weizen; Eisenbahn Weizembier; Coruja Alba Weizen; Importadas: Weihenstephaner Hefeweissbier; Paulaner Hefe-Weizen; Erdinger Weissbier.
– Witbier: cervejas de trigo de estilo belga, porém totalmente diferente das cervejas de trigo alemãs. Geralmente usam grãos de trigo não maltados e adicionam coentro e cascas de laranja. São bem claras, turvas (por não serem filtradas), com aroma e sabor cítrico e seco. Ex.: Hoegaarden.
– Weizenbock: São cervejas de trigo que contém mais quantidade deste grão e possuem toques da cerveja tipo bock. Cor varia de cobre-claro ao rubi. Ex.: Brasileira: Eisenbahn Weizembock.
– Altbier ou Alt: Originárias da região de Düsseldorf na Alemanha, seguem o estilo antigo de produção de Ales, antes mesmo do surgimento das Lagers. É uma ligação entre as cervejas Ales e as Lagers, por ser feita com fermento de Ale porém fermentada em temperatura de Lagers. Ex.: Brasileira: Bamberg Alt. Importada: Grolsch Amber Ale.
– Belgian Strong Ales: Estilo típico da Bélgica, nascido nos mosteiros e abadias daquele país. Subdividem-se em vários tipos: DUBBEL: Cerveja na qual o mestre cervejeiro adiciona o dobro da quantidade de malte do que uma cerveja “comum”. Sabor torrado de nozes e chocolate, pouco lúpulo, com quase nenhum amargor. O aroma lembra banana e frutas não cítricas. Teor alcoólico mediano, possui bom corpo e carbonatação alta. Ex.: Brasileira: Wälls Dubbel. TRIPEL: Com três vezes mais malte do que em uma cerveja “comum”. De coloração amarelo-dourado, creme denso e consistente. Pouco mais amarga que a dubbel e levemente frutada, com gradação alcoólica entre 8 a 12%. Ex.: Brasileira: Falke Tripel Monasterium; Wäls Trippel; Baden Baden Tripel. Importadas: La Trappe Tripel; Chimay Cinq Cents. QUADRUPEL: São cervejas mais escuras e mais ricas, utilizando o quádruplo de malte do que em uma cerveja “comum”. O volume de álcool é sempre forte, muitas vezes ultrapassando os 10%. Ex.: Westvleteren 12, Rochefort 10 e La Trappe Quadrupel. GOLDEN STRONG ALE: São cervejas claras (loiras), mas mais fortes, encorpadas, frutadas e com bastante lúpulo. Com teor alcoólico de até 10,5%. Ex.: brasileira: DaDoBier Belgian Ale. DARK STRONG ALE: Cervejas escuras, fortes e encorpadas. Sua cor varia do cobre ao marron escurto. Chegam a 11% de álcool. Com espuma densa e cremosa. Ex.: brasileira: Eisenbahn A Dama do Lago.
LAGERS
Abrangem as cervejas de baixa fermentação, aquelas que fermentam em temperaturas mais baixas (9 a 15º C), fato que possibilita a estas bebidas serem mais cristalinas do que as ALES. Possuem características mais leves que as ALES, ou seja, são menos aromáticas e tendem a puxar para um sabor mais semelhante a pão. A maioria delas é clara na cor, com alto teor de gás carbônico, de sabor moderadamente amargo e conteúdo alcoólico entre 3-6% por amostra.
São as cervejas mais consumidas no mundo pelo fato de abranger os estilos Pilsen e as American Lager.
No Brasil o consumo de cerveja lager chega a 99%, eis que aqui a grande produção é do estilo American Lager. Isso mesmo…. a cerveja “loira gelada” que você toma e recebe o nome equivocado de Pilsen é na verdade uma American Lager.
A American Lager divide-se em Lite American Lager, Standard American Lager (são as brasileiras conhecidas, como: Antartica, Bohemia, Devassa Loura, Brahma, etc…) e Premium America Lager (cervejas como: Serramalte, Brahma Extra). Todas essas se expiram no estilo Pilsen (cerveja produzida na Rep. Tcheca), mas são bem mais fracas (aguadas), com menos sabor de lúpulo e mais claras do que está última.
Então lembre-se, quando você estiver junto a seus amigos tomando uma cerveja brasileira produzida em massa (das grandes coorporações), mesmo que esteja escrito no rótulo PILSEN…. tome o primeiro gole, de uma pausa pensativa, olhe no fundo dos olhos de cada um deles e diga com ar de autoridade…. “Está não é uma cerveja pilsen. Está é uma American Lager”. Assim você passará a ser mais respeitado do que o “motorista da rodada”.
Principais estilos Lager:
– American lager: como já explicado acima essas são as cervejas que nós erroneamente chamamos de Pilsen aqui no Brasil. São cervejas refrescantes, de cor amarelo claro até dourado, com espuma clara e aroma discreto. De baixo a médio amargor. Teor alcoólico entre 4 a 6%. Ex.: Antartica, Kaiser, Serramalte, Brahma, Skol e outras.
– Pilsner ou Pilsen: Nome derivado desta cidade da Rep. Tcheca. Cervejas mais lupuladas, com maior amargor e dividem-se em duas escolas: a German Pilsner, possui menos malte e mais lúpulo, com espuma branca e cremosa, mais seca e leve. Ex.: Brasileira: DaDoBier Original. Importada König Pilsener; Warsteiner Premium Verum. Outra escola é a Bohemian Pilsener, estilo rico em buquê, refrescante e com acentuado sabor de malte em equilíbrio com o lúpulo. Sempre cristalina. Ex.: Pilsner Urquell; Budweiser Budvar; 1795 Original Czech Lager.
– Munich Dunkel: Dunkel significa escura em alemão, portanto as essas cervejas são escuras-avermelhadas, produzidas originalmente em Munique. Bastante maltada e espumante, com leve sabor torrado, lembra pão torrado. Aroma com toques levemente adocicado de toffe. Ex.: Brasileira: Eisenbahn Dunkel; Nova Schin Munich. Importadas: Warsteiner Dunkel e Hofbräu München Dunkel.
– Schwarzbier: Significa cerveja preta em alemão. Mas não confunda com a Malzbier. É uma cerveja suave, com aromas que remetem ao café e ao chocolate. Com presença de maltes tostados. Não pode ter sabor frutado, sendo mais seca. Também não é doce. Ex.: brasileiras: Petra Premium, Bamberg Schwarzbier, Xingu.
– Malzbier: Cerveja escura e doce, de graduação alcoólica baixa, na faixa dos 3 a 4,5%. Muito famosa no Brasil, não possui muitos correspondentes fora daqui. Na Alemanha, seu país de origem, nem é tratada mais de cerveja e sim bebida energética. Inclusive é pouco classificada em outras fontes, caindo normalmente no grupo de “outras cervejas com baixo teor alcoólico”, já que a Malzbier original não chegava nem a 1% de álcool, pois quase não tem fermentação. Quase toda cervejaria brasileira tem sua versão, portanto basta procurar por Brahma Malzbier, Antarctica Malzbier, NovaSchin Malzbier e assim por diante. Trata-se de uma american pale lager na qual, após a filtração, são adicionados caramelo e xarope de açúcar, ai a coloração escura (que não vem do malte tostado) e o sabor adocicado (Brejas).
– Vienna: Originário da Áustria, de cor marrom avermelhada, a presença do malte contrabalanceia o amargor do lúpulo. Tem corpo médio e um sabor suave e adocicado de malte levemente queimado. Graduação acoólica entre 4,5 e 5,7%. Exemplo: Brasileira: Bierland Vienna.
– Bock: São cervejas avermelhadas. Possuem um complexo sabor maltado devido às misturas de maltes de Viena e Munique. Com graduação alcoólica mais alta indo normalmente de 6% a 14%. Requerem um tempo de maturação maior que as outras lagers, geralmente meses. Ex.: brasileira Kaiser Bock; Polar Bock; Baden Baden Bock; Bierbaum Bock.
LAMBICS
Essa é uma cerveja totalmente atípica e pouco conhecida no Brasil, pelo seu processo de produção ser demorado e pelo seu alto custo.
É a cerveja de fermentação espontânea. A fermentação é feita por fermentos e microorganismos que se encontram nas caves onde estas cervejas são produzidas.
Geralmente são feitas de trigo, porém não são adicionadas leveduras no mosto, ficando a fermentação a cargo dos agentes naturais, os quais são encontrados somente numa pequena área ao redor de Bruxelas.
Trata-se de um tipo muito peculiar de cerveja, dotada de uma gama extremamente numerosa de aromas, os quais vão do frutado (como framboesa, cereja ou banana) ao extremamente cítrico (como vinho branco ou vinagre) (Brejas). Comumente adicionam-se frutas nessas cervejas para ajudar no processo de fermentação espontânea. Ex.: Kriek Boon.
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